terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

PESQUISA REVELA PRESENÇA DE AGROTÓXICOS EM PRODUTOS ULTRAPROCESSADOS: SUCOS, SALGADINHOS, PÃES, BISCOITOS

Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) constatou que resíduos de agrotóxicos permanecem até em bisnaguinhas, bolachas recheadas, biscoitos de água e sal, cereais matinais, bebidas de soja e salgadinhos.

 Foram analisados 27 produtos de oito categorias. Dessas, seis apresentaram vestígios de defensivos, dentro dos limites permitidos pela legislação.


O Idec ressalta que em nenhuma amostra a substância encontrada estava acima do limite permitido. Os itens foram escolhidos por terem trigo, milho ou soja em sua composição.


 “São produtos que muitas crianças comem todos os dias. A dosagem de agrotóxico para uma criança é mais prejudicial para o desenvolvimento dela do que para o de um adulto”, diz Rafael Arantes, nutricionista do Idec.

 Os produtos são: bebida de soja Naturis (Batavo); cereal matinal Nesfit (Nestlé); salgadinhos Baconzitos e Torcida (ambos da Pepsico); pães bisnaguinha Pullman (Bimbo), Wickbold, Panco e Seven Boys (da Wickbold); biscoitos de água e sal Marilan, Triunfo (Arcor), Vitarella e Zabet (ambos da M. Dias Branco); e os recheados Bono e Negresco (Nestlé), Oreo e Trakinas (Mondelez).

 DEBATE

 Atualmente, os rótulos não trazem informações sobre a presença de resíduos. “É importante criar um debate público sobre como informar o consumidor sobre a presença dessas substâncias”, defende Cecília Cury, advogada e fundadora do Movimento Põe no Rótulo.

 Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Princeton, da Fundação Getulio Vargas (FGV) e do Insper revela que a disseminação do glifosato — o defensivo mais utilizado no Brasil — nas lavouras de soja levou à alta de 5% na mortalidade infantil, com impactos no peso ao nascer e no tempo de gestação, em municípios que recebem água de regiões produtoras, diz Rodrigo Soares, professor do Insper e responsável pelo estudo.

 Para o gerente-geral de Toxicologia da Anvisa, Carlos Alexandre Oliveira Gomes, a população tem o direito de saber o que está consumindo. Mas ele não considera necessariamente um problema o fato de haver resíduos nos alimentos. “Hoje os alimentos no Brasil são seguros à luz da ciência atual”, afirma.

 EMPRESAS GARANTEM QUE RESÍDUOS ESTÃO DENTRO DO LIMITE PERMITIDO

 A PepsiCo informou que em todos os seus produtos, incluindo Torcida e Baconzitos, são usadas matérias-primas compradas de fornecedores que cumprem a legislação, e que os resíduos de defensivos agrícolas “estão dentro dos níveis autorizados pela Anvisa e são seguros para consumo humano”.


 A Marilan Alimentos S/A informou que é “comprometida com a qualidade de seus produtos, atuando sempre em prol da saúde, segurança e bem-estar dos consumidores”, e afirmou que observa todas as normas da Anvisa.


 A M. Dias Branco, das marcas Vitarella e Zabet, declarou que tem um programa de monitoramento e testagem de resíduos de agrotóxicos nas matérias-primas. A empresa pontuou que os vestígios das amostras da pesquisa estão dentro da margem permitida.


 A Bagley do Brasil — que responde por produtos Arcor — garantiu que nem as matérias-primas usadas nem os produtos elaborados contêm quantidades de contaminantes que possam não cumprir normas sanitárias ou gerar quaisquer riscos à saúde dos consumidores.


 A Nestlé ressaltou que tem um Sistema de Gestão de Segurança dos Alimentos em suas fábricas e conta com um centro de qualidade com tecnologias de ponta. Acrescentou que “não tem registros de resultados fora dos parâmetros de segurança para as substâncias relacionadas pelo Idec”.


 A Mondeléz declarou que não teve acesso ao estudo do Idec nem à metodologia por ele utilizada. "Por isso, não podemos nos manifestar sobre o mesmo. Contudo, todos os nossos produtos estão em conformidade com a legislação brasileira de alimentos e são absolutamente seguros para o consumo", concluiu.


 A Wickbold, a Batavo e a Bimbo não responderam.

 

FONTES: IDEC, EXTRA

 


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